terça-feira, 14 de julho de 2009

(13.01.09) Brasil.

Entrei no avião e fui procurar meu lugar.
Estava torcendo pra pegar uma poltrona "solitária", mas não demorou muito e um escocês sentou ao meu lado.

Quando o avião decolou e Edinburgh se abriu aos meus olhos, eu comecei a chorar quietinha, rezando para que não fosse a última vez que eu iria ter o prazer de ver aquela paisagem.
No fundo, algo em mim dizia que eu iria voltar um dia, mas era impossível conter as lágrimas frente a cidade que me acolheu tão bem nos últimos 6 meses e que me trouxe tantas mudanças e alegrias.

Chorei até Paris. Uma mistura de sentimentos tomavam o meu corpo: medo de não me readaptar no Brasil, medo de brigar com a minha mãe como brigamos este fim de ano, medo de não encontrar a pessoa certa que não encontrei aqui por falta de tempo, medo de esquecer tudo que aprendi. Fora a euforia: quem será que vai estar no aeroporto me esperando? Será que vou chocar muito as pessoas com esse meu novo "lifestyle"? Vou conseguir me manter assim?
Tudo junto. Acho que a choradeira foi por isso também e não somente pelas saudades que eu já estava sentindo da Escócia, sendo que mal a havia deixado.

Mas aconteceu algo que me tirou do foco das saudades! Por pouco, não perco o vôo para o Brasil.
Chegando no aeroporto de Paris, percebi que não sei por qual razão, o vôo de percurso Escócia-França tinha atrasado e tive que sair correndo para o portão de embarque, onde as comissárias aguardavam a mim e a mais 2 passageiros, somente.

E ao entrar no avião, ja tive uma noção do choque cultural que iria levar ao chegar no Brasil: o povo falando alto, crianças chorando, pedindo coisas sem parar, rindo... lembrei do Max e sua frase de praxe extremamente cabível: Oooh povo feio!! hahaha.
Mas eu também me enquadrava nesse perfil. Em pouco tempo fiz amizade com a mulher da poltrona de trás, a da frente, com a comissária brasileira e com a francesa - o que me deu certas regalias, só pelo fato de conseguir se comunicar comigo (em inglês, claro). Ganhei sorvete e lanche extra no avião.

Não dormi a viagem inteira, estava muito ansiosa.

Ao chegar no aeroporto de Guarulhos, quase tive um ataque de sei-la-o-que, por vários motivos:

1) O check-out era uma palhaçada! Brasileiros para um lado, gringos para o outro. O detalhe é que havia 1 gringo para 20 brasileiros, o que formou uma fila gigantesca de conterrâneos. Para tentar organizar (sem sucesso, pq alguns queriam e tentavam mesmo cortar fila), os caras ficavam gritando, totalmente sem etiqueta, pelos corredores do local.
2) Senti um calor insuportável. Sério, achei que fosse desmaiar. Saí de um frio de -6° e chego aqui no dia mais quente do ano.. nada mais, nada menos que 36°! Sacanagem.
Fui tirando algumas peças de roupa, na medida do possível, mas sem lugar pra por tinha que segurar tudo na mão, além do passaporte e duas malas gigantes.
3) Não conseguia falar com a minha mãe pelo celular e confesso, fiquei com receio de não ter ninguém me esperando no aeroporto.

Enfim, tirando o calor infernal, o resto foi solucionado.
Ao passar pela receita federal sem declarar nada, fui ao encontro das pessoas que foram me buscar e tive uma surpresa boa: Mamãe, Lala, Vivi, Kaka, Bia, Preto, Patrícia e Dani.

Só não chorei muito porque estava com tanto calor que até minhas lágrimas e saliva tinham secado.

Fui contemplando o caminho e matando as saudades de São Paulo... eu, com saudades de São Paulo? Foi uma surpresa.
Fomos para o apartamento (não consegui chamar o apartamento de casa), distribui alguns presentes e dei boa noite à todos.

Estranho, sinto que está tudo igual...
... menos eu.

Preciso parar de chorar.

Bjos.

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