Não que eu já não soubesse que isso iria acontecer, mas o fato de estar acontecendo é totalmente diferente... Que saudades da minha família, dos meus amigos.. enfim.
Fazia muito muito muito frio pra andar a pé e, apesar de eu ter andado boa parte da cidade (que é estranha, mas muito bonita), ainda haviam alguns lugares que eu queria visitar, e que eram muito longes pra ir a pé no frio... eu imaginei até que fosse nevar.
De repente, me deparo com uma barraquinha minúscula escrito em inglês: City Tour! Ah, pronto! Agora eu fiquei feliz... vou conhecer a cidade de dentro de uma van quentinha e confortável. Mas quando fui perguntar o preço, a mocinha que estava dentro da cabine e que falava inglês mal e porcamente, respondeu: "Desculpa, mas a ultima van da manhã está saindo neste segundo, e o dinheiro que vc tem não é suficiente".
Como assim? Se eu saísse pra sacar o dinheiro, perderia o ultimo city tour da manhã... e à tarde não da pra ver nada! Aqui na Europa, às 15h parece 20h. Escurece tudo.
Comecei a implorar pra van esperar dois minutinhos, pq tinha um caixa eletronico do outro lado da rua... Mas ela disse que não!
Olhei pra ela com cara de raiva e disse: "Obrigada. Esse foi o melhor aniversário que já tive na vida".
Saí com uma bola na garganta pensando no que eu havia acabado de dizer. Era verdade!
Tremendo de frio e debaixo de chuva, voltei a andar... não queria voltar pro hostel e passar o dia dormindo. Foi então que, de longe, vi outra cabininha como aquela de minutos atras. Apertei o passo, tentando andar o máximo possível debaixo dos monumentos e telhas pra não me molhar, e cheguei na cabine.
Uffa! O próximo passeio seria em 2 minutos e era bem mais barato do que aquele que eu havia visto. Paguei e já entrei na van.
Ao colocar o fone de ouvido, escuto a interferencia de um celular tocando... era o meu! Minha mãe ligou, mas... como eu ia atender o telefone aquela hora, onde umas 12 pessoas estavam em silêncio querendo escutar a gravação sobre a história de Praga? Além da minha voz, o chiado do celular estava encomodando até a mim.
Atendi e disse:
- "Mã, vc pode me ligar daqui uns 40 minutos? To no meio de um city tour e...."
- Espera aí que vou passar pra sua irmã, ela ta louca pra falar com vc!
- Mã, mas eu não posso...
- Gi? Parabéns!!! Tudo de bom e...
- Lala, me liga depois, por favor. Não posso falar agora.
- Aff! Tchau.
Pronto. Pra completar meu dia, minha irmã ainda desliga na minha cara só pq eu não queria atrapalhar o pessoal que já estava olhando de cara feia pra mim.
Comecei a chorar, olhando a cidade pela janela, pensando ... preferia não ter acordado hoje.
Praga é muito legal. Vi coisas muito bonitas, mas logo que acabou o passeio eu voltei pro hostel e dormi. A idéia era dormir até a hora do jantar, mas chegou um menino no meu solitário quarto e começamos a conversar... ele já tinha me acordado mesmo!
Depois de uns 20 minutos de conversa, ele perguntou de onde eu era... Sacanagem! Estamos conversando aquele tempo todo em inglês, mas o cara era brasileiro... e de São Paulo! hahaha.
Desci pra fumar um cigarro e pra esperar ele pra jantarmos juntos. Ele ficou com dó de mim quando disse que era meu niver e me convidou pra sair.
Quando estava fumando, meu cel tocou de novo... Aí sim, pude falar com a minha mãe e irmã e chorar toda a saudade que eu queria chorar!!!
Dói.
Fui jantar com o menino e acabamos comendo num restaurante feinho, mas que servia comida tipica da República Tcheca. Achamos cabelo, ossos de frango, mas no fim rendeu boas risadas. Pelo menos o dia não acabou tão mal, e ele pagou a conta como um presente...
De lá, fomos ver o relógio principal de Praga com os simbolos do zodíaco que, coincidentemente, marcava a hora exata do meu nascimento... Sol em Sagitário, Lua em Aquário, Ascendente Câncer. Fiquei arrepiada!
Voltei para o hostel e capotei, um pouco mais feliz.
Amanhã é dia de acordar cedo e rumar para Viena.
Beijos!
Que pena esse aniversário solitário... Mas aposto que você vai se lembrar desse muito mais do que dos outros! Estou adorando o seu diário! Um abração.
ResponderExcluirGleiber, do Andarilhos do Mundo