terça-feira, 14 de outubro de 2008

(11/10) Sabado: O encontro dos funcionarios do Sheraton e a decepcao com meu novo amigo.



Acordei as 16h da tarde com o barulho dos indianos, indo e vindo no corredor de casa, e fiquei assustada quando olhei no relogio. Tambem pudera, fui dormir as 10h30 da manha, depois do fatidico episodio de ontem.

O Songput apareceu na porta do meu quarto, como se nada tivesse acontecido, perguntando se eu nao ia para a casa do Shivagi beber antes do jantar dos staffs no restaurant chines. Eu estranhei a atitude dele e fiquei pensando se ele nao se lembrava do ocorrido ou so queria fingir que nada aconteceu. “Nao vou agora, Songput, mas a noite eu vou”, respondi fria.

Eu estava mal! Nao queria falar nem ver ninguem! Mas recebi uma ligacao do Guilherme, perguntando se podia vir mais cedo pra usar meu computador. Sem querer ser egoista, disse que sim, mesmo contra a minha vontade.

Enquanto nao passava a tristeza, sozinha em casa, fiquei na cama, deitada com o computador no colo, esperando um sinal da minha mae e, eis que ela me liga (transmissao de pensamento, talvez!). Comecei a contar tudo para ela, por vezes chorando, falando alto (aproveitando a saida dos indianos)… desabafei. No meio da conversa, falei do Guilherme, da ligacao dele ha pouco, e como ate isso me incomodou.

Desliguei a ligacao com a minha mae e liguei pro Guilherme pra saber onde ele estava (eu queria tomar banho e tinha que esperar ele chegar pra abrir a porta), e escutei o telefone dele chamando do outro lado da porta. Desde quando ele esta aqui na porta da minha casa? Desde quando ele esta ouvindo a minha conversa? Ja fiquei mais mal-humorada.
Saimos de casa atrasados para encontrar o pessoal, mas mesmo assim, chegamos ha tempo.

Fomos para um restaurante chines perto do Hotel mesmo, mas mesmo sendo chines, o sabor nao eh o mesmo no Brasil. Eu estava muito sem graca, triste, decepcionada com o Songput… nao conseguia mais trata-lo do mesmo jeito, apesar do esforco continuo dele de me agradar. Foi estranho!



Enfim, apos o jantar, como ainda estava cedo para irmos para a salsa, o pessoal sugeriu ir para o cinema. Cinema antes da balada? Aff… nunca vi isso na vida! E assim nos dividimos em dois grupos… uns foram ver filme e eu, Guilherme e Joel fomos beber num karaoke antes de ir para o Cuba Norte. E assim, me senti aliviada de nao precisar mais fingir que estava tudo bem. O Songput tomou outro caminho.

No caminho do karaoke, o Guilherme veio me pedir dinheiro emprestado porque, segundo ele, ele perdeu a carteira semana passada e esta no aguardo no cartao novo, alem de ter “esquecido” £20 em casa. Sei que podem me chamar de egoista, mas ate o fim do post vcs vao entender porque eu me recusei emprestar o dinheiro. Fui delicada, expliquei o porque, mas disse nao. Entao, o Joel se ofereceu a pagar a bebida para ele esta noite.

Resumindo: ele bebeu mais do que eu e ate o proprio Joel! De cerveja a whisky! Ficou meio bebado e ainda me tratou super estranho depois de eu ter me recusado a emprestar a grana. Eu disse pra ele que tbm estava sem grana (e estava mesmo!) e amigos compreendem essas situacoes, nao?

Fiquei tao puta com o abuso dele com o Joel (achei uma total falta de respeito) que, somado a minha decepcao de ontem com o Songput, o que eu mais queria era ir embora! Fiquei um pouco na salsa pra socializar apenas e fui pra Princess Street pegar um onibus, as 2h da manha (num frio lascado, e eu de sandalia com dor no pe), acompanhada pelo Guilherme - nao sei pq, mas ele decidiu ir embora comigo… mesmo tendo, com certeza, ficado chateado com a minha atitude nao so de nao emprestar dinheiro, como de ter falado pra ele maneirar .

Chegando na minha rua, sozinha e no escuro, vi a sombra de um homem caido de joelhos, segurando a grade com toda a forca que podia, para nao deitar. Eu fiquei olhando para ele do outro lado da rua, com medo de me aproximar mas sem conseguir sair e dali sem ajuda-lo. Olhei-o fixamente por alguns segundos, ate ele me enxergar… e ele nao fez nenhum sinal e pensei: se ele estivesse passando mal, com certeza ia pedir ajuda! No minimo, ele estava bebado, caiu e nao conseguiu mais levantar.

Mesmo assim, eu nao tive coragem de ajuda-lo, e isso nao saia da minha cabeca.

Eu nao tive sequer coragem de chegar perto do cara para ver se ele estava bem! Que tipo de ser humano que eu sou? Que tipo de ser humano eu sou pra nao ter coragem de dizer ao Songput que ele eh alcoolatra e precisa de ajuda? Ou dizer ao Guilherme que ele estava totalmente errado abusando de uma pessoa que ele nem conhece e que, com certeza, nao vai ter a oportunidade de conhecer se continuar agindo assim?! Ninguem gosta deste tipo de amigo, ainda mais estando num pais onde os estrangeiros vem para ganhar dinheiro, e nao emprestar e nao ver nunca mais! Alem do que, ele nao teve senso nenhum de respeito bebendo ate mais que o cara e pedindo coisas sem ao menos perguntar o valor. Eu sei que o Joel nunca mais vai ver esse dinheiro.

Frente as 3 situacoes (tendo em comum, a bebida alcoolica como causa), comecei a pensar: como posso ajudar essas pessoas, se elas nao querem ajuda?

Olhando o ceu, subindo a rua iluminada apenas pela lua cheia e linda que estava fazendo aquela noite (a unica coisa linda que vi o dia todo) eu chorei! Mas chorei muito, sabendo que naquele momento, eu estava totalmente entregue, ninguem me viria.

Somos apenas eu e vc de novo…“o ceu e eu”... pelo menos nos proximos 3 meses.

Beijos.


Apresentando as personagens... rs:



(esq. p/ direita ) Shivagi, Songput e Esther.

(esq. p/dir.) Joel, Guilherme e eu.

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